Lembrar para não repetir: DITADURA NUNCA MAIS!
Primeiro de abril de 2021
Hoje o Brasil lembra tristemente os movimentos do golpe civil-militar que nos assolou. Mas nosso luto também é verbo: relembremos e lutemos para que não aconteça de novo.
O manifesto Lembrar para não repetir, lançado em 30 de março de 2021 por entidades representativas da sociedade civil nos traz à memória os movimentos do funesto golpe civil-militar de 1964, perpetrado à população brasileira.
Tais tristes movimentos se iniciaram na “madrugada de 31 de março para o dia 1° de abril, quando as tropas do general Olímpio Mourão marcharam de Minas para Rio de Janeiro, em plena insurgência à Constituição e ao comandante-em-chefe das Forças Armadas, o presidente da República, João Goulart, para operar no campo militar o golpe em curso”.
Recorda o manifesto que “no dia 2 de abril, também pela noite/madrugada, o senador Aldo Moura, presidente do Congresso, declara vaga a presidência, quando o presidente Jango se encontrava em território nacional, no Rio Grande do Sul, e leva o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, ao Planalto, com a presença do presidente do STF, Álvaro Ribeiro da Costa, e lhe dá posse como presidente da República. Consolidado o lado institucional do golpe, e com a mídia, especialmente o Globo, atuando decisivamente, o golpe foi dado como fato consumado, e gerou 21 anos de infortúnio aos brasileiros e ao país, fora um longo período de trevas”.
Como observa o manifesto, a ditadura inaugurada com o golpe de 64 “colocou meio milhão de brasileiros sob suspeição, mais de 150 mil investigados, 20 mil torturados, entre eles 95 crianças/adolescentes, além dessas, 19 crianças foram sequestradas e adotadas ilegalmente por militares; 7.670 membros das Forças Armadas e bombeiros foram presos, muitos torturados e expulsos de suas corporações. Cassaram 4862 mandatos de parlamentares, 245 estudantes foram expulsos das Universidades pelo Decreto 477; Congresso Nacional foi fechado três vezes”.
Se durante a ditadura “mais de 20 mil brasileiros, incluindo indígenas e camponeses, foram exterminados”, o atual governo nos conduziu ao precipício de muitas outras milhares de mortes.
Impeachment já!
É de suma importância saber que este manifesto foi lançado enquanto o presidente Jair Bolsonaro substituia comandantes militares por não assentirem com outro possível Estado de Exceção, inaugurando nova crise no governo, já célebre por não combater com a sensibilidade e responsabilidade necessária as crises relacionadas à pandemia, ao desemprego, à vulnerabilidade social.
Nossa última carta de posicionamento em favor do impeachment de Bolsonaro foi publicada em 24 de março deste ano, quando o país ultrapassou a marca de 300 mil pessoas mortas pelo COVID-19 (número oficial, lembrando que segundo algumas estimativas, o número à época era de mais de 410 mil mortes). Após uma semana, o Brasil alcançou o montante de 322 mil pessoas mortas (números oficiais) – e entendemos que o negacionismo, negligência, incompetência e irresponsabilidade do governo Bolsonaro tem fundamental importância no crescente aumento deste número.
Cremos que somente com o definitivo afastamento da chapa eleita à Presidência (Capitão Bolsonaro/General Mourão) avistaremos um horizonte mais alvissareiro. Uma solução é eleger uma junta governativa com a tarefa de organizar as próximas eleições com a celeridade necessária e elegermos uma nova chapa, realmente representativa e com a sensibilidade, empatia e firmeza condizentes com o momento que atravessamos.
Caso isso não aconteça, o número de mortes, o desemprego, a inflação, a fome e o sofrimento só aumentarão – e nosso país não pode continuar sendo vitimado pelo descaso, falta de planejamento e organização, negligência, negacionismo e obscurantismo reinantes.
Também entendemos ser necessário declarar Bolsonaro inelegível por crime de responsabilidade, como aventamos em nossa carta de 11 de fevereiro de 2021.
Assim, reforçamos mais uma vez os clamores do Brasil que chora mas se levanta: DITADURA NUNCA MAIS e IMPEACHMENT JÁ!
Recordando nossa última carta, “vamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressão, para construir a vida nova vamos precisar de muito amor” (Beto Guedes), e é urgente que levantemos nossas vozes, como já cantava Geraldo Vandré: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer“..
Despedindo-nos amorosamente.